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A experiência da prisão de Standford

Atualizado: 16 de out. de 2023

Esta experiência foi realizada em 1971 numa cave da Universidade de Standford por uma equipa de psicólogos liderada pelo professor Philip Zimbardo. O objetivo era perceber o desenvolvimento das normas e o efeito dos papéis, rótulos, e expectativas sociais numa prisão simulada, tendo sido por isso selecionados jovens sem qualquer problema psicológico, debilitações médicas, histórico de crime ou drogas ou até comportamentos

anti-sociais. A grande questão de Zimbardo era: what happens when you put good people in an evil place?


Tudo começou com um anúncio nos jornais, uma promessa de pagamento para a participação no estudo de 15$ por dia e uma entrevista. Depois, foram atribuídos aleatoriamente os cargos e assim começou a experiência.






No primeiro dia, guardas e prisioneiros deram-se bem, no entanto, no dia seguinte, a manhã começou com um ato de rebelião dos prisioneiros que influenciou, a partir daí, todo o ambiente da experiência. Os castigos iam desde por exemplo, flexões a solitária e com o posterior aumento da submissão dos prisioneiros aumentou também a agressividade dos guardas e até o gosto de alguns pelo que faziam aos prisioneiros. Deste modo, após vários abusos e consequências a nível psicológico em relação aos reclusos, a simulação tornou-se tão real, que acabou após seis dias, em vez das supostas duas semanas.




Dave Eshelman

A personagem que mais nos chamou a atenção no filme, foi o guarda Dave Esheleman, também nomeado pelos prisioneiros como "John Wayne". Este jovem, era filho de um dos professores de engenharia da universidade de Standford, e era aluno, nesta altura, da Universidade de Chapman. Dave, destacou-se por ser o guarda mais abusivo da simulação e uma das razões do término da experiência.


Dave Eshelman afirma no entanto, que ele próprio estava a fazer experiências e que todas as suas ações tinham sido fruto de uma pura representação da sua parte. Este, adotou uma pronuncia diferente, criou a sua própria personagem e uma campanha de crueldade para com os prisioneiros. O facto de este ter representado todo o tempo põe em causa a conclusão da experiência e o futuro que teria. Não se pode assim saber se mais alguém estaria também a representar ou se a experiência teria mesmo acabado por ali, se não fossem as atitudes descontroladas de Dave Eshelman.


I was just looking for some summer work. I had a choice of doing this or working at a pizza parlor. I thought this would be an interesting and different way of finding summer employment.

The only person I knew going in was John Mark. He was another guard and wasn't even on my shift. That was critical. If there were prisoners in there who knew me before they encountered me, then I never would have been able to pull off anything I did. The act that I put on—they would have seen through it immediately.


What came over me was not an accident. It was planned. I set out with a definite plan in mind, to try to force the action, force something to happen, so that the researchers would have something to work with. After all, what could they possibly learn from guys sitting around like it was a country club?

So I consciously created this persona. I was in all kinds of drama productions in high school and college. It was something I was very familiar with: to take on another personality before you step out on the stage. I was kind of running my own experiment in there, by saying, "How far can I push these things and how much abuse will these people take before they say, 'knock it off?'" But the other guards didn't stop me. They seemed to join in. They were taking my lead. Not a single guard said, "I don't think we should do this."


I made the decision that I would be as intimidating, as cold, as cruel as possible. …I had just watched a movie called Cool-Hand Luke, and uh, the mean intimidating uh, you know southern prison ward character in that film, really was my inspiration for the role that I had created for myself.

- A personagem de inspiração do filme era Strother Martin.


https://youtu.be/1fuDDqU6n4o - Uma parte do filme que inspirou a personagem criada por Dave.



Conclusão da experiência

De acordo com Zimbardo e os seus colegas, esta simulação revelou como as pessoas se comportam segundo o papel social a que lhes é atribuído, especialmente se esses forem tão marcantes como os que existem dentro das prisões. Neste caso, como foi dado o papel de guarda e este está posicionado numa situação de poder e autoridade, os jovens começaram a comportar-se de uma maneira completamente diferente à dos seus dia a dias. Estudantes normais e boas pessoas tornam-se voluntariamente sádicos nos seus tormentos só porque lhes foi dada permissão e expectativa para serem assim.

Deste modo, os estudos apoiam a explicação de que o comportamento das pessoas é situacional e não derivado de características do sujeito.



Críticas

Algumas das críticas feitas à experiência:

- Os guardas não tiveram nenhum treino profissional;

- A duração da experiência foi muito mais curta do que reais sentenças em prisões reais;

- Os participantes sendo estudantes não tiveram expostos a questões como etnia, educação e estado sócio-económico dentro da prisão, por exemplo;

- A prisão não tinha espaço para práticas desportivas.




Sobre esta experiência para além do filme fizeram também um documentário e um livro, este da autoria do próprio Philip Zimbardo.


QUIET RAGE: THE DOCUMENTARY


THE LUCIFER EFFECT:

UNDERSTANDING HOW GOOD PEOPLE TURN EVIL





Para mais informação sobre a experiência e fotografias reais: https://www.prisonexp.org/portuguese/guards



Bibliografia:

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